Todo movimento de renovação espiritual,
para ser legítimo, precisa aceitar
e pôr em prática, de forma irrestrita,
as doutrinas bíblicas relacionadas
à ação do Espírito Santo.
E uma delas é a existência dos dons espirituais
para os nossos dias. Os dons são ferramentas
que o Espírito de Deus entrega aos crentes, conforme suavontade e propósito, sempre visando
à edificação do Corpo de Cristo.
A Igreja está
envolvida numa intensa batalha espiritual. Seus conflitosnão se travam contra poderes humanos, mas contra potestades
do mal. Por isso,é importante ter recursos espirituais para lutar contra os poderes queescravizam
o homem, levando-o ao pecado.
Os dons são para hoje ou não?
Para os grupos carismáticos e pentecostais,
a atualidade dos donsespirituais é um fato incontestável. Mas não ocorre
a mesma coisa nas igrejaschamadas de históricas ou tradicionais.
Nestas, a não aceitação da atualidadedos dons sempre foi motivo de discussões e divisões.
Para alguns teólogos, os dons eram apenas para os dias apostólicos, para
a igreja primitiva. Quem pensa dessa maneira toma por base o texto de 1Co 13:
8-10. A expressão “quando vier o que é perfeito”, no v. 10, significaria que,
ao cessar a era apostólica, ou quando estivesse completo o cânon do Novo
Testamento, também cessariam os dons. Contudo, a crença de que os dons eram
apenas para o primeiro século da era cristã não é unanimidade nem mesmo dentro
das igrejas históricas.
Os argumentos favoráveis à
existência dos dons para os nossos dias são muito mais convincentes. Há em 1Co
13: 8-10 uma clara referência à volta de Cristo. Só após a segunda vinda de
Cristo é que não mais precisaremos usar os dons.
Jesus prometeu capacitar os
crentes para a pregação da Palavra, Lc 10: 19. A história da Igreja confirma o
uso dos dons nos seguintes períodos: IV século - Irineu, Tertuliano, Crisóstomo
e Agostinho; séculos V ao XV, os valdenses, os albigenses, os jansenitas e os
pietistas alemães; no século XIX, os metodistas; os quakers, Wesley,
Whitefield, Moody, além de outros que passaram por essa experiência.
A diversidade de dons
Os dons têm sua origem na ação
do Espírito Santo, 1Co 12: 1-11. Ele é quem os distribui soberanamente aos
crentes, com objetivos específicos, 1Co 12: 7, 11.
Geralmente, ao estudarmos os
dons espirituais nos prendemos àqueles mencionados em 1Co 12. Mas há diferentes
listas de dons no Novo Testamento:
Romanos 12: 6-8: profetizar,
ministrar, exortar, contribuir, presidir e exercer misericórdia. O contexto
desses versículos enfatiza que todos somos membros do Corpo de Cristo e
dependemos uns dos outros. Cada crente contribui para o crescimento do Corpo,
usando o dom específico que tem recebido.
Efésios 4: 11-16: apóstolos,
profetas, evangelistas, pastores-mestres. Através desses ministérios os crentes
são equipados para o serviço. À proporção que cada um presta sua contribuição,
todo o corpo vai sendo edificado, v. 12, e cada membro em particular vai
crescendo e adquirindo maturidade espiritual, vv. 13-16.
1Coríntios 12: 4-10: palavra
de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, dons de curar, operações de
milagres, profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas,
interpretação de línguas. Essa passagem, juntamente com os vv. 28 a 31, se complementa
ao narrar os dons do Espírito Santo. No v. 7 o apóstolo ensina duas grandes
lições. A primeira é de que o Espírito concede dons a cada crente: “a
manifestação do Espírito é concedida a cada um...”. Outra lição é a do fim
proveitoso dos dons. Não há distribuição de dom sem finalidade específica.
1Coríntios 12: 28: apóstolos,
profetas, mestres, operadores de milagres, dons de curar, socorros, governar,
variedades de línguas.
1Pedro 4: 10-11: falar,
servir. O objetivo dessa passagem é acentuar que, se o crente recebe um
dom espiritual, deve empregá-lo a serviço dos outros membros, conforme o poder
de Deus e para a glória do Senhor.
Manifestação do Espírito
no Antigo e Novo Testamentos
Há uma nítida diferença entre
o agir do Espírito no Antigo Testamento e no Novo. No AT, o Espírito Santo agia
sobre algumas pessoas específicas, com um propósito especial, dando-lhes
capacidade para executarem certas tarefas. Alguns exemplos:
·
Belzaleel recebeu habilidades para trabalhar na
obra do tabernáculo, Êx 35: 30-31;
·
Otoniel, Gideão, Jefté e outros receberam
poder vindo do Espírito para livrar e governar Israel;
· veja também estas ações especiais do Espírito no AT,
dando habilidade específicas a certas pessoas para profetizar, Nm 11:26-27;
operar milagres, Js 10: 12-13; ter fé, 1Re 18: 23-30; ter discernimento, 2Rs 5:
25-27; ter sabedoria, 1Rs 4: 29 e Gn 41: 25.
No Novo Testamento, no
entanto, há uma nova perspectiva sobre o mover do Espírito Santo. Vê-se que o
Espírito age irrestritamente no Corpo de Cristo. Ele é o selo que identifica
que o salvo é propriedade de Deus, Ef 1: 13; 4: 30. Todo salvo tem o Espírito,
Rm 8: 9. O Espírito é quem habilita os crentes para o serviço cristão. Ele é o
distribuidor dos dons.
Conclusões
Há algumas importantes lições
que temos de ter em mente sobre os dons:
1. devemos procurar com
zelo os melhores dons, ou seja, aqueles que trazem edificação aos irmãos, 1Co
12: 31;
2. os dons devem
ser usados para o benefício da igreja e não para proveito próprio;
3. cada cristão
deve procurar desenvolver seus dons, 1Tm 4: 14 e 2Tm 1: 6;
4. se os dons não
forem bem usados poderão provocar confusão no seio da Igreja, causando
escândalo à obra de Deus;
5. o exercício dos
dons espirituais não indica o grau de espiritualidade de uma pessoa. Compare 1Co 1: 4-7 com 1Co 3: 1-3.Embora os coríntios tivessem
muitos dons, foram chamados de crianças em Cristo. O termômetro para se medir a
espiritualidade de um crente é o fruto do Espírito, Gl 5: 22-23.
6. Os dons só terão valor diante de Deus se forem exercidos
com amor.
in - http://www.iprb.org.br/artigos/textos/art51_100/art93.htm
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