Você já teve medo de ser um
fracassado? Das pessoas olharem para você sem ter nada a admirar ou elogiar? Ou
apenas encontrarem bons motivos para afirmar que você não deu certo na vida?
Para alguns de nós, o fracasso pode
ser não passar naquela matéria, não conseguir um bom emprego ou ficar solteiro
para sempre. Outros já se sentem fracassados quando veem que os planos que
fizeram para suas vidas não deram certo. Para mim, o maior fracasso que eu
posso cometer é olhar para trás e não poder dizer: “Combati o bom
combate, terminei a corrida, guardei a fé" (2Tm 4.7)
Infelizmente, viver
uma vida cristã de forma integral e diligente não está na lista de prioridades
de muitos cristãos, e quando se trata dos jovens, a questão só tende a piorar.
Nossa juventude muitas vezes se deixa levar pela filosofia do “carpe diem”
e se esquece de que a vida cristã se trata de viver para Cristo e não para nós
mesmos. Além disso,a ideia que temos de
fracasso muitas vezes está mais ligada ao que pode nos atingir do que àquilo
que pode atingir ao Senhor, como nossa conduta e nosso coração.
"Lembre-se
do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e
se aproximem os anos em que você dirá: 'Não tenho satisfação neles'" (Ec 12.1).
Viver de fato o cristianismo não é
algo fácil, Cristo mesmo nunca falou que iria ser. O que ele nos ensina é que
devemos ser diferentes do mundo (Ef 4.17-32) e que ele estará conosco quando as
coisas estiverem difíceis (Is 41.13). É realmente desafiador ser um jovem cristão
autêntico quando o cenário ao redor não é nada animador. Tenho amigos que
simplesmente abandonaram a fé, outros que frequentam a igreja, mas têm seus
valores completamente moldados por amizades não-cristãs ou pela universidade
que frequentam e, ainda, amigos que estão desanimados e feridos e parecem ter
dificuldade para permanecer firmes. Vejo claramente a parábola do semeador se
tornar realidade e a pergunta que fica é: quem sou eu diante disso e quem eu
pretendo ser?
Para poder completar bem a corrida, o
combate precisa começar agora. Não quando eu me formar, quando arranjar um
emprego, estiver financeiramente estável, casar ou quando já estiver bem
velhinha. O erro que muitas pessoas cometem é o de acharem que, por serem
jovens, estão isentas da disciplina e do juízo de Deus e de que têm todo o
tempo do mundo para se acertarem com ele. A consequência disso tudo é que
muitas das pessoas que optam por esse caminho correm um alto risco de viver uma
vida de arrependimento ou de nunca realmente se voltarem para Deus. O que você
desejará ver quando olhar para o seu passado? Uma vida vivida para Deus ou para
satisfazer os seus desejos? E mais, o que você tem visto quando olha para o que
já viveu?
Diante disso, não posso deixar de
olhar para mim mesma e avaliar como está o meu relacionamento com Deus e como
minhas atitudes refletem isso. Percebo que, para nós, jovens brasileiros do
século 21, é muito fácil darmos pequenas desculpas para continuarmos levando
uma vida de superficialidade com Deus. Tais desculpas vão desde “estou
com pouco tempo” até “estou na era da graça”, mas na
realidade estamos mesmo é nos afastando gradativamente de Deus sem ao menos
perceber. Deus é muito claro ao nos indicar que um relacionamento superficial e
morno com ele é o mesmo que não ter relacionamento algum (Ap 3.16), e não ter
um relacionamento íntimo e verdadeiro com ele é o pior de todos os fracassos.
Lembre-se comigo de alguns
personagens bíblicos como os sacerdotes da época de Zorobabel, que iniciaram a
reconstrução do templo de Jerusalém em um tempo em que eram escravos e sofriam
oposição, mas obedeceram ao Senhor “apesar do receio que tinham dos povos ao
redor” (Ed 3.3). Ou como Esdras, que decidiu “dedicar-se a Lei
do Senhor e praticá-la, e a ensinar os seus decretos e mandamentos” (Es
7.10). Ou, até mesmo, de personagens mais conhecidos como Paulo, que
aprendeu “o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja
bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.” (Fp
4.12). Quando olho para esses caras e olho para mim, penso: sou uma completa
fracassada.
E essa é a grande verdade: eu
realmente sou uma fracassada. Eu gostaria de dizer que tenho coragem de
proclamar o evangelho de Cristo na minha faculdade; que não me sinto tentada a
ter amizades que parecem ser tão divertidas, mas que carregam princípios tão
contrários à Palavra de Deus; que consigo ser uma pessoa calma e sem
preocupações, que confia completamente no Senhor; que consigo viver diariamente
no "centro da vontade de Deus", meditando constantemente na sua
Palavra; mas tudo isso seria uma grande mentira. Diante disso, quem sou eu? Uma
grande pecadora!
A verdade é que diariamente preciso
lutar contra pecados que sei que desejo cometer, que irão me aprisionar
novamente à minha antiga natureza. Tem dias em que a luta é mais fácil de ser
travada, mas em outros a batalha é realmente muito difícil e as palavras de
Paulo ecoam constantemente em meus ouvidos:
"Não entendo o que faço. Pois não faço o que
desejo, mas o que odeio. E, se faço o que não desejo, admito que a Lei é boa.
Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Sei que
nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de
fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que
desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo" (Rm
7.15-19).

Diante disso, me lembro de que a
Bíblia também é feita de Paulos, Davis, Jonas, Tomés e Pedros, de gente
"fracassada" e pecadora como eu e você. A grande diferença é que eles
foram transformados de fracassados em pecadores arrependidos, e isso fez toda a
diferença. E diante disso volto à pergunta que me fiz, quem você pretende ser?
Eu sei que meu
desejo é ser uma pecadora arrependida todos os dias da minha vida, pois somente
assim posso chegar ao final com a certeza de ter “combatido o bom combate”, um
combate contra o pecado “para que [venhamos] a tornar-[nos] puros e
irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e
depravada, na qual [brilhamos] como estrelas no universo, retendo firmemente a
palavra da vida. Assim, no dia de Cristo [nos orgulharemos] de não [termos]
corrido nem [nos] esforçado inutilmente” (Fp 2.15-16). E mais, posso
batalhar tranquila, sabendo que esse combate já foi vencido pelo sangue de
Cristo!
Ao olhar para todas
aquelas minhas tentações, hoje sei que viver para Deus é muito melhor do que
ceder a elas e é isso que me faz permanecer firme. Sei que Deus não me vê
mais como uma fracassada, mas como uma pecadora arrependida que se tornou filha
dele. Ao viver essa verdade todos os dias, sei que ao final vou poder
dizer: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé" (2Tm
4.7).
O evangelho é uma grande chamada ao
arrependimento. Tal arrependimento consiste em confessarmos os nossos erros
diariamente, reconhecendo que somos falhos e que somente Cristo é capaz de nos
perdoar (1 Jo 1.9), por ter se oferecido como sacrifício quando éramos nós quem
merecíamos a morte eterna (Rm 6.23).
O arrependimento verdadeiro produz
mudança e quando apresentamos nossas súplicas ao Senhor, ele nos auxilia nesse
processo que é chamado santificação. Isso não quer dizer que necessariamente
não vamos mais querer fazer o que fazíamos antes, mas que ao olharmos para
Cristo, para o seu sacrifício e sua mensagem de salvação, isso falará mais alto
do que nossos antigos desejos carnais.
A obra de Jesus em nós foi para que
vivêssemos o evangelho de forma constante, não se trata de apenas um período da
vida em que Deus "tocou nossos corações" e mudou algumas atitudes,
mas de uma vida inteira de transformação em que a mensagem da cruz permeia
todas as áreas da nossa vida.
Se você, assim como
eu, se sente fracassado por constantemente ceder a algum pecado, lembre-se de
que confessar e abandonar é a melhor saída. Lembre-se de que nesse processo é
Cristo, o maior dos maiores, quem luta conosco. É por isso que precisamos
depender dele, buscá-lo e nos debruçar sobre sua Palavra que nos lembra onde
nosso foco deve estar. E se você percebe que pode estar fracassando na vida
cristã, lembre-se de que sempre existe a oportunidade de voltar atrás, se
arrepender e tornar a viver de forma a agradar ao Senhor!
in - http://www.jovemcrente.net/2016/05/quando-fracasso.html